quarta-feira, agosto 01, 2012

Crítica: DVDs eternizam shows do Rock in Rio de 2011

RIO - Nos 26 anos que se passaram entre a primeira e a quarta edições do Rock in Rio no Rio, o rock brasileiro cresceu, apareceu e fez história. E quem pegar os DVDs dos shows de 1985 (Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso) para comparar com esses seis de 2011 que a MZA põe na praça na semana que vem, sentirá o peso das transformações. O profissionalismo, a estrutura de palco e a mobilização do público de Skank, Frejat, Capital Inicial, Jota Quest, Detonautas Roque Clube e dos Titãs com os portugueses Xutos & Pontapés impressionam quem ainda se recorda dos passos tímidos que os artistas brasileiros davam na inauguração do festival.

Ao mesmo tempo, uma incômoda falta de renovação se evidencia no conjunto escolhido para o registro.Frejat, que em 1985 era só um daqueles garotos músicos do Barão Vermelho, se tornou um competente homem de frente, comandando um bailão que juntou Barão ("Bete Balanço", "Por você", "Puro êxtase"), Cazuza ("Exagerado"), Tim Maia ("Réu confesso", Você") e sua própria carreira solo ("Amor pra recomeçar"). Contemporâneos que não tiveram a chance de estar no primeiro Rock in Rio, Capital Inicial e Titãs ainda pulsam. No palco principal, o Capital assume postura de banda juvenil, tocando músicas de 30 anos atrás ("Fátima", "Veraneio vascaína"). No palco menor, o Sunset, os Titãs não escondem a idade, mas ainda assim se divertem numa festa punk com Xutos & Pontapés, misturando os seus velhos repertórios. 

Destaques surgidos a partir dos anos 1990, o Jota Quest e os Detonautas fizeram exatamente o que deles se esperava: entreter a plateia com os seus sucessos de rádio. Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, ainda fez suas queixas contra a forma como o Brasil vinha sendo conduzido pelos políticos, mas o discurso velho caiu no vazio da apatia: não havia mais clima para esperar que o dia nascesse feliz, como 26 anos antes. Bem melhor que todos no pacote saiu-se o Skank. Sem fazer muita força e sem recorrer aos clichês que sustentam boa parte da cena, a banda pôs em desfile 20 anos de uma evolução musical que passou pelo dancehall, o calango-rock e o folk e gerou canções de grande apelo popular e originalidade. A lamentar, apenas a falta de novos nomes que cumpram o mesmo papel do Skank, com a mesma exposição de massa. 

Cotação: Bom

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