domingo, setembro 15, 2013

Rock in Rio - O Globo

Crítica: Detonautas e convidados atendem ao pedido de ‘toca Raul’
Sem sustos ou surpresas, tributo a Raul Seixas traz emoção na plateia e tom político


RIO - Quem grita “toca Raul” fica feliz se ouve Raul. Mais feliz ainda quando é uma que consegue cantar junto e quando o arranjo não procura inventar muito sobre o original. Foi para esses (muitos, aliás) o tributo a Raul Seixas que Detonautas e convidados produziram no Palco Sunset neste sábado. Repertório de clássicos, meninas nos ombros dos namorados cantando de olhos fechados, toques de engajamento político atualizando a agenda política do homenageado. Pura celebração, enfim, que funcionou bem dentro do que se prestou.

Quando os Detonautas deram início, com o reforço de cordas e metais, ao show, parecia que o show ia mais longe que isso. “Aluga-se” chegou com pressão, emendada com “Por quem os sinos dobram”. Já “Eu nasci há 10 mil anos atrás”, com backing vocal feminino, foi um bem executado cover, indicando o que seria o tributo daí para frente — Raul de raiz, mas com um tanto mais de peso.

Já nesse momento inicial, o vocalista Tico Santa Cruz já apontava o tom de engajamento que costumeiramente usa em suas apresentações. Pôs a camisa no rosto à la black bloc em “Aluga-se”, soltou um “não à ditadura” e afirmou que “se Raul estivesse vivo, estaria nas ruas se manifestando com o povo brasileiro”. Mais tarde, ele abriria o microfone para a plateia, em conjunto, hostilizar o governador do Rio e emendaria um discurso inflamado.

Mas, sim, a música. Zélia Duncan foi a primeira convidada a subir ao palco. Com o microfone baixo — mesmo problema que Zeca Baleiro enfrentaria —, ela cantou “Tente outra vez” (com Tico) e “Maluco beleza”. Canções gastas? Apelo de auto-ajuda? Sim, mas difícil ficar indiferente ao fato de como elas batem na multidão que estava ali — e difícil não reconhecer, nesse apelo, o valor desse repertório.

Zeca Baleiro se atrapalhou com a letra de “Rock do diabo”, depois de cantar “Como vovó já dizia”. Os clássicos seguiram: “Cowboy fora da lei” (com Rick Ferreira e Arnaldo Brandão), “Gita”, “Metamorfose ambulante” e o final apoteótico, todos juntos, com “Sociedade alternativa” — com Tico vestido com a “capa mágica” de Raul, concedida por Silvio Passos, presidente do Raul Rock Clube. Sem surpresas, sem sustos, exatamente dentro do que se esperava dele — o que, convenhamos, era o melhor que podia acontecer.

Cotação: Bom

Fonte: O Globo

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